A crise despontada pela disseminação global de um novo vírus traz para muitos uma estranha - e até então desconhecida - sensação de ruptura, que nos convida a repensar o que nos trouxe até aqui, o que nos sustenta, o que deve ser preservado desse mundo que parece se desmanchar, e o que deve ser abandonado.

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Essa ruptura, no entanto, não é novidade para uma parcela da humanidade que, como diz Ailton Krenak, é “uma gente que fica agarrada à terra”. São caiçaras, indígenas, quilombolas, aborígenes, uma gente que há séculos resiste à “abstração civilizatória”, que não admite separação da terra, não aceita que rios, florestas, chuvas, ventos, oceanos - todos os entes não-humanos com os quais partilhamos nossa existência - sejam vistos como recursos a serem dominados, cativos da exploração humana.

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São gente que incansavelmente mobiliza formas de (re)existir, resistir e existir outra vez, e curar, por meio de saberes e práticas ancestrais, diante das rupturas impostas pela lógica colonizadora.

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É preciso entender urgentemente que não habitamos um mundo, mas sim uma constelação de mundos, nos quais diferentes povos estão experienciando e concebendo de formas muito distintas os primeiros contatos com esse microscópico viajante que os cientistas batizaram de Covid-19.

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Com o intuito de preencher esse tempo de silêncios com outras vozes, a Rede CineFlecha e a ASCURI (Associação Cultural de Realizadores Indígenas/MS) convidam todos os povos indígenas a compartilharem nesta plataforma suas experiências, reflexões e relatos diante da atual crise global, através de vídeos ou outras linguagens. Pretendemos, com esta iniciativa, criar um ambiente virtual no qual possamos juntos mirar (olhar, apontar, sonhar) novos mundos possíveis.

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Além dos vídeos produzidos pela parceria ASCURI + CineFlecha e outros aliados #mirandomundospossiveis, reunimos outros materiais produzidos por diversos coletivos e realizadores, que de diversas partes do mundo lançam suas miradas nas redes. Você encontra aqui uma seleção de todas essas produções encontradas a partir de uma pesquisa contínua.